Risco de mortalidade de doentes cardiovasculares com covid-19 tem sido desvalorizado, alerta SPC

27/03/20
Risco de mortalidade de doentes cardiovasculares com covid-19 tem sido desvalorizado, alerta SPC

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) adverte que os doentes cardiovasculares não estão a ter a atenção que deveriam por parte das autoridades de Saúde Pública portuguesas. A chamada de atenção foi feita no decorrer do webinar promovido no passado dia 25 de março, que juntou várias centenas de cardiologistas portugueses e de países lusófonos.

 

Para a SPC, o risco associado à doença cardiovascular devia merecer mais atenção por parte das autoridades, cujo destaque se tem concentrado na idade: “Deviam ser criados mecanismos protetores destes doentes com dispensa de trabalho protegida, garantido o seu isolamento social pelo menos no mesmo grau dos doentes idosos”, esclarece o Prof. Doutor Victor Gil, presidente da entidade.

Segundo estudos apresentados, os doentes com comorbilidades apresentam as maiores taxas de mortalidade, sendo que entre estes destaca-se a patologia cardiovascular, que inclui a insuficiência cardíaca, cardiopatia isquémica incluindo antecedentes de enfarte do miocárdio, miocardiopatias e doença valvular grave.

A Sociedade destaca que em 44672 doentes chineses analisados, com taxa de mortalidade global de 2,3%, os doentes com doença cardiovascular apresentaram uma taxa de mortalidade de 10,5%, a que se seguiu um grupo de situações com taxas de mortalidade entre 6 e 7%, inseridos no grupo da diabetes, doença respiratória crónica, hipertensão e cancro.

De acordo com o responsável, “tem-se enfatizado a idade como fator de risco, mas apenas o grupo etário com mais de 80 anos apresentou taxa mais elevada. O grupo etário de 70 a 79 anos apresentou taxa de mortalidade de 8%”, explica.

A SPC alerta também as autoridades de que o risco associado a diversas doenças cardíacas não desaparece durante a epidemia e que, em consequência, os doentes de maior risco têm que prosseguir os seus tratamentos e ser adequadamente tratados nas fases agudas, com destaque para os doentes com enfarte do miocárdio.

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