“Nos doentes com melanoma de alto risco - estádios III - existe uma forte probabilidade de recorrência da doença, mesmo após ressecção cirúrgica completa do tumor primário. É por isso fundamental continuarmos a dispor de alternativas terapêuticas que previnam a recidiva da doença, como aconteceu com o nivolumab”, considera a Dr.ª Maria José Passos, assistente graduada de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil (IPO Lisboa).
A especialista acrescenta: “Os doentes portugueses com melanoma de alto risco passaram a ter a oportunidade de ser tratados, após cirurgia, com nivolumab, fármaco que em ensaios clínicos recentes demonstrou benefício no tratamento destes doentes”.
Já a Dr.ª Paula Ferreira, oncologista do IPO Porto, refere que “embora a grande maioria dos doentes com melanoma fique curado apenas com cirurgia, existe um grupo que recidiva e progride para doença metastática, que, como sabemos, continua a ter prognóstico reservado apesar dos avanços recentes no tratamento sistémico”.
“Após a resseção completa, grande parte dos doentes pertencentes aos estádios ressecados mais avançados, que designamos com estádios IIIB, IIIC e IIID vão recidivar em cinco anos. Reduzir este risco de recidiva era um objetivo muito importante e por isso a utilização do nivolumab neste contexto é muito válida, tendo em conta os seus resultados na sobrevivência livre de recorrência da doença com preservação de qualidade de vida, que considero muito positivos”, adianta.
A aprovação do financiamento em Portugal baseia-se nos resultados do ensaio CheckMate-238, um estudo clínico em dupla ocultação, aleatorizado, de fase 3, que avaliou a eficácia e segurança de nivolumab 3 mg/kg versus ipilimumab 10 mg/kg em doentes com melanoma submetidos a resseção completa, estádios IIIB/C ou IV, de acordo com o AJCC Cancer Staging Manual, 7.ª edição.
No seguimento a quatro anos, nivolumab demonstrou resultados superiores de sobrevivência livre de recorrência (SLR) em comparação com ipilimumab, sendo que a SLR foi de 52% e 41% respetivamente (HR 0,71; p = 0,0003). A sobrevivência livre de metástases à distância (SLMD) também é significativamente maior para nivolumab, 59%, versus ipilimumab, 53% (HR 0,79, p=0,045).
“Na BMS trabalhamos para transformar a vida dos doentes através da ciência. Em linha com a nossa visão, desenvolvemos terapêuticas inovadoras como a imunoterapia, capaz de proporcionar sobrevivência e qualidade de vida aos doentes com tumores graves e em estádios cada vez mais precoces, como é agora o caso do tratamento adjuvante do melanoma”, destaca o Dr. Roberto Úrbez, diretor-geral da Bristol-Myers Squibb Espanha e Portugal.
O responsável acrescenta: “Este acordo com o Infarmed reforça o nosso interesse comum, de contribuir para a sustentabilidade do sistema nacional de saúde e de poder beneficiar cada vez mais doentes com novos tratamentos inovadores”.