O estudo que desenvolveram concluiu que apenas 14% dos doentes suspendeu ou alterou a dose da medicação imunossupressora para a AR durante o período de confinamento. Destes, apenas 18% reduziram ou suspenderam por iniciativa própria devido ao receio de contrair o coronavírus e outros 18% fizeram-no por não terem receitas suficientes, por não se quererem deslocar à farmácia ou por não terem possibilidade de pagar a medicação.
De referir ainda que 41% dos doentes com AR refere um agravamento dos sintomas da doença, sobretudo da dor, durante o confinamento, embora metade destes refira que o agravamento foi ligeiro. As principais causas apontadas foram a menor mobilidade e o aumento do stress e depressão.
Já dos doentes com AR que se encontravam empregados antes do confinamento, 16,2% foram colocados em regime de lay-off e 3% perderam o emprego no seguimento do confinamento. A maioria dos doentes que se manteve empregado durante o confinamento praticou regime de teletrabalho (55,4%).
“Esta avaliação do impacto do confinamento destes doentes, que por terem uma doença autoimune são de maior risco em caso de contaminação com o novo coronavírus, é fundamental para delinear uma abordagem adequada aos mesmos no período pós-confinamento e preparar uma eventual segunda vaga”, afirma o médico da SCML da Unidade de Reumatologia e Osteoporose do Hospital de Sant’Ana e principal autor do estudo, Porf. Doutor Filipe Araújo.
O estudo teve como co-autores a Prof. Doutora Ana Filipa Mourão e o Prof. Doutor Nuno Pina Gonçalves da SCML da Unidade de Reumatologia e Osteoporose do Hospital de Sant’Ana e do Hospital de Egas Moniz do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental EPE.
O questionário foi disponibilizado aos doentes com AR através das redes sociais e mailing lists da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR) e Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas.