A aproximação de uma época sazonal associada a um pico de infeções respiratórias traz, pela primeira vez este ano, um player novo: o SARS-CoV-2. A este problema soma-se um aumento preocupante do consumo hospitalar de antibacterianos, avaliado em DDD por doentes saídos, como se tem vindo a registar neste primeiro semestre de 2020em comparação com períodos homólogos de anos anteriores. Saber que desafios se colocam à Medicina Intensiva, a nível laboratorial e clínico, para se preparar para esta dura realidade que se avizinha foi o ponto de partida para o debate moderado pelo Prof. Doutor José Artur Paiva, diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário São João.
A preparação do SNS para o próximo Outono/Inverno
“Vamos entrar no próximo Outono/Inverno, numa situação extremamente preocupante de coinfeção sinérgica de vírus influenza e SARS-CoV-2” designada também por “COVI-Flu”, alertou o primeiro interveniente, o Prof. Doutor Filipe Froes. Conforme explanou o especialista em pneumologia, “esta coinfeção vai ser particularmente desafiante porque os grupos de risco são comuns, muitos sintomas são inespecíficos e os doentes com riscos combinados estão mais suscetíveis a ter quadros clínicos graves”. Desta forma, “a criação de circuitos comuns, denominados “covifludários”, com os enormes riscos de transmissão cruzada que tem associados, terá de ser completamente evitada”.
Não havendo especificidade clínica, precisamos de testes rápidos para identificar a infeção pelo vírus influenza, pelo vírus SARS-CoV-2 e/ou dos dois”. Como veio a destacar seguidamente o Prof. Doutor Filipe Froes, “a melhor maneira de nos prepararmos para esta situação é prevenindo-a, através da vacinação”. No entanto, no caso de diagnóstico de vírus influenza, terá de se potenciar prontamente a redução da duração da doença e da resposta inflamatória, cabendo, para este efeito, um papel preponderante aos inibidores da neuraminidase, como o oseltamivir”.
O segundo interveniente, o Prof. Doutor João Gonçalves Pereira, Diretor da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Vila Franca de Xira corroborou o testemunho anterior: “efetivamente, no inverno há um aumento significativo de infeções respiratórias, nomeadamente pneumonias virais, mas também bacterianas.” Para evitar esta situação, defendeu que “é preciso saber o mais precocemente possível se o doente está infetado, se a infeção é transmissível, se o doente precisa de um antibiótico e, nesse caso, qual antibiótico.” Neste sentido, o Prof. Doutor João Gonçalves Pereira acredita que uma estreita colaboração e comunicação entre os laboratórios e os clínicos é imprescindível para “uma resposta mais precoce e eficiente” e para “evitar um uso indiscriminado de testes de diagnósticos e de tratamento com antibióticos”.
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