Apesar de ser uma doença crónica, não existindo cura, “com o tratamento adequado, a asma pode ser controlada e pode permitir ao doente ter uma boa qualidade de vida e sem restrições”, salienta a Dr.ª Ana Mendes, da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).
No entanto, “a asma também pode matar”, continua a especialista, adiantando que “Portugal tem uma taxa de mortalidade por asma idêntica à dos países com melhores indicadores de saúde, mas, nos últimos anos, tem-se verificado um aumento, ainda que ligeiro, mas preocupante, do número de casos”.
De acordo com a Dr.ª Ana Mendes, “a maioria das mortes por asma é evitável e pode traduzir a dificuldade de perceção da gravidade e da possibilidade de controlo da doença”.
Foi a pensar nessa mortalidade evitável que a Global Iniciative Network for Asthma (GINA) estabeleceu, a nível internacional, o mote “Chega de mortes por asma” para a efeméride celebrada hoje, ao qual a SPAIC se alia, por considerar que “a asma tem tratamento e qualquer morte por asma é inaceitável”.
A dificuldade de adesão à terapêutica, nomeadamente no que toca o encarar a asma como doença crónica e com necessidade de medicação diária, o uso incorreto dos dispositivos inalatórios, a utilização excessiva de medicamentos de alívio rápido, como broncodilatadores de curta ação e uma má perceção do controlo da doença - com 88% da população no Inquérito Nacional de Asma a acreditar que tinha a asma controlada, mas apenas 57,5 % estava de facto controlada – são os principais desafios apontados pela Dr.ª Ana Mendes ao tratamento adequado da asma.
Em plena pandemia de COVID-19, os doentes asmáticos devem, tal como a restante população, evitar o contágio, seguindo todas as normas da Direção-Geral de Saúde (DGS) de proteção e redução de risco de infeção. Perante o cenário atual, torna-se fundamental “manter a asma controlada e, para isso, continuar a medicação diária habitual conforme prescrita pelo médico assistente. É essencial que o esquema terapêutico seja mantido e ajustado de acordo com o plano de ação que estiver definido pelo médico. Os asmáticos devem estar atentos aos seus sintomas e sinais de agravamento da asma e ajustar a sua medicação atempadamente”, refere a Dr.ª Ana Mendes.
A SPAIC adianta ter concentrado esforços para informar e sensibilizar a população para a asma, defendendo que a informação deve estar disponível e deve ser reforçada de forma a sensibilizar os doentes, os profissionais de saúde e a população em geral para a importância da doença e do seu controlo.
No panorama atual, sem poder desenvolver ações de sensibilização na rua, a entidade refere estar empenhada em encontrar meios alternativos para transmitir a sua mensagem: “Na era da globalização social, os meios digitais são cada vez mais utilizados e, nesta época de contingência, ainda mais. As redes sociais, os canais de informação online e os media podem ser os principais instrumentos para divulgar informação”, conclui.
Para avaliar se a sua asma está controlada, os doentes podem preencher o questionário CARAT – Teste de Controlo da Asma e Rinite Alérgica, que se encontra disponível online.