“No espaço de 5 anos, alcançámos o objetivo da União Europeia de atingir uma taxa de cobertura vacinal de 75% nos 65 ou mais anos. Este marco na cobertura vacinal, em Portugal, só foi possível em resultado da persistência e resiliência de todas as partes envolvidas: DGS, peritos, prescritores, doentes e produtores de vacinas. Numa altura em que vivemos uma nova ameaça pandémica por um outro vírus respiratório, este dado tem ainda mais impacto. É mais um fator positivo para o diagnóstico diferencial nos doentes com queixas de infeção respiratória, sobretudo na população de risco com idade superior a 65 anos. E esta vantagem é mais um contributo para o futuro da vacinação contra a gripe”, esclarece o Dr. Filipe Froes, pneumologista e membro da SPP e do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para o novo coronavírus.
Os resultados do Vacinómetro indicam que a região norte foi a que apresentou maior taxa de vacinação, com 64,5% de indivíduos vacinados, sendo o Algarve a zona do país com menor população vacinada, com 49,5%.
Nesta época gripal, foram obtidos, pela primeira vez, dados relativos à vacinação de mulheres grávidas, grupo prioritário para o qual a vacinação é fortemente recomendada. Estes apontam para a vacinação de cerca de 23,5% das grávidas, tendo esta sido feita maioritariamente por indicação do médico. As grávidas que não se vacinaram não o fizeram, na maioria, por falta de indicação médica.
Face à última vaga de vacinação da época gripal de 2018/2019, verifica-se um aumento significativo na percentagem de vacinados com 65 ou mais anos (de 65,9% para 76%). Verificou-se também um grande aumento de adesão da parte dos portadores de doenças crónicas (de 55,8% para 72%), seguindo-se dos indivíduos com idades entre os 60 e os 64 anos (aumentaram de 37,3% para 43,2%) e dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes (de 52% para 58,9%). Do total de portugueses inquiridos que foram vacinados, excluindo profissionais de saúde em contacto direto com o doente (em que 100% adquirem a vacina gratuitamente no local de trabalho), 23,6% adquiriu a vacina na farmácia, sendo que destes, cerca de 85,1% vacinaram-se na farmácia.
Do total do grupo de indivíduos vacinados, 61,8% fizeram-no por recomendação do médico, ao passo que 24,6% receberam a vacina em contexto de uma iniciativa laboral. Já 11,9% fizeram-no por iniciativa própria, para estar protegido, e 0,6% porque fazem parte de um grupo de risco para a gripe.
Segundo a Norma nº 006/2019 da DGS, a vacinação contra a gripe é recomendada para grupos prioritários, nomeadamente pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, pessoas entre os 60 e os 64 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos, com 6 ou mais meses de idade, grávidas, para proteção de evolução grave da gripe durante a gravidez e para proteção dos filhos durante os primeiros meses de vida e ainda profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados. A DGS prevê ainda a vacinação de pessoas em contextos definidos, como é o caso de doentes com determinadas patologias crónicas ou condições, como diabetes, doença pulmonar obstrutiva crónica e pessoas em tratamento com quimioterapia.
Na época 2019/2020, estiveram disponíveis em Portugal, no SNS e nas farmácias comunitárias duas vacinas quadrivalentes, sendo as indicações das mesmas diferentes em relação à idade para vacinação.