“Implementação e sustentabilidade da MIRRI para o século XXI” é o nome do projeto, que se irá prolongar até 2023. De acordo com o Prof. Doutor Nelson Lima, coordenador da MIRRI e da Micoteca da Universidade do Minho (MUM), o projeto “reconhece o longo trabalho da UMinho e de uma ampla equipa europeia neste âmbito”.
O projeto englobará uma plataforma informática agregadora da mais diversa informação sobre microbiologia, como o extenso portefólio de recursos microbianos, a gestão de dados e de serviços, as ações educativas, os perfis de sustentabilidade e a legislação, entre outros. A criação desta estrutura será possível mediante a parceria do Centro de Computação Gráfica da UMinho, da Universidade de Valência, em Espanha e apoio da LifeWatch-Espanha, uma base digital de referência mundial na proteção, gestão e uso sustentável da biodiversidade.
“Queremos acelerar os processos de acesso aos recursos microbiológicos, que possam beneficiar os vários stakeholders e, em particular, a bioindústria com soluções inovadoras e sustentáveis”, explica o responsável. O carácter único do catálogo da plataforma permitirá ver o potencial de cada microrganismo e as suas aplicações, facilitando assim a respetiva avaliação, geração, difusão e acesso, acrescenta.
A MIRRI atua ainda no aspeto formativo e educativo, através do fomento de cursos de competências em formação contínua e académica, para a atualização de conhecimentos dos profissionais e das novas gerações: “Vamos ser uma importante interface com a sociedade em geral, com um conjunto de atividades de disseminação do conhecimento gerado sobre os micróbios”, sublinha o coordenador.
Desde maio do ano passo que a MIRRI está estatutariamente sedeada na UMinho, tendo nesta fase dez polos – Bélgica, Espanha, França, Grécia, Holanda, Itália, Letónia, Polónia, Portugal e Federação Russa. A próxima meta é haver um polo em cada um dos 27 estados-membros da EU, havendo ainda abertura a outros países interessados. Em Portugal, a MIRRI conta com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A plataforma aproxima cientistas de vários centros e repositórios microbiológicos europeus, o que permite fomentar a investigação, gerando soluções eficientes para os grandes desafios da sociedade e estimulando a interação entre a academia e a bioindústria.
Os microrganismos e seus derivados têm elevado impacto no bem-estar humano pela capacidade de produzirem produtos milenares de fermentação, como é o caso da cerveja ou do queijo, e de fornecerem antibióticos, como a penicilina, ou novas soluções para a indústria alimentar, farmacêutica ou química. Estão ainda na base de milhares de processos patenteados com contributos na reciclagem de lixo e subprodutos industriais, e na produção de alternativas de energia. São também essenciais no estudo de novas doenças infeciosas, ainda que alguns possam ser nocivos para pessoas, animais ou plantas.