“A literacia em saúde é um ativo essencial para o exercício da cidadania em saúde, para garantir o acesso a cuidados de saúde e a adesão ao plano terapêutico, em qualquer sistema de saúde”, começa por dizer a Prof.ª Doutora Inês Fronteira, docente na Unidade de Saúde Internacional e Bioestatística e uma das organizadoras da conferência, que surgiu no âmbito de um projeto de investigação entre o IHMT, o Instituto de Saúde e Desenvolvimento Global da Universidade Queen Margaret e o Instituto Moçambicano de Educação e Pesquisa em Saúde.
De carácter alargado, o projeto visa avaliar a literacia em saúde e o comportamento de procura de cuidados de saúde por parte dos homens moçambicanos com infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) e que têm também uma doença cardiovascular: “Ter informação não significa necessariamente que as pessoas sejam mais conhecedoras. É importante que saibam utilizar esse conhecimento em seu benefício”, salienta a especialista.
Para a responsável, o grande desafio está em obter “informação de qualidade e fiável”, já que, neste momento, existe um deficit de informação legítima e de qualidade. Nesse sentido, é importante promover o espírito crítico da população, para que a usem de acordo com as suas necessidades: “Não basta ter acesso a informação, é necessário ter acesso a informação de qualidade e ser capaz de reconhecer ou, mais uma vez, de ter literacia para procurar as fontes e perceber se aquela informação é ou não fiável”, realça.
Está prevista a continuidade do projeto, no sentido de “desenhar o quadro conceptual para medir literacia em saúde em contextos de mais fragilidade dos sistemas sociais, dos sistemas de informação e de todos os determinantes da saúde que são os determinantes da saúde global, e que vão afetar os comportamentos de literacia em saúde”, conclui a Prof.ª Doutora Inês Fronteira.