A telemonitorização como auxiliar ao tratamento da IC

05/02/20
A telemonitorização como auxiliar ao tratamento da IC

Desde 2017 que o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) opera o seu programa de seguimento protocolado de doentes com insuficiência cardíaca (IC) através da telemonitorização (RICA Team), realizado em colaboração com a Linde Saúde. No passado dia 29 de janeiro, os resultados do projeto foram apresentados numa cerimónia que teve lugar na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Em declarações à News Farma, a Prof. Doutora Dulce Brito, coordenadora do programa e cardiologista do CHULN, revelou os benefícios da telemonitorização, que atua como ferramenta no processo de tratamento e gestão da doença.

 

É estimado que existam cerca de 400 mil doentes com IC em Portugal, com uma taxa de 4% de prevalência. Como afirma a coordenadora do programa, esta prevalência gera custos elevados, em termos de hospitalizações e consultas, para enumerar algumas. Ainda que possa afetar todos os grupos populacionais, a IC é mais comum entre as camadas mais idosas, sendo a causa mais comum de internamento após os 65 anos.

“A telemonitorização pode ser útil em termos de grande vigilância do doente, para evitar descompensações, impedir que o doente seja rehospitalizado, ou mesmo hospitalizado pela primeira vez, e até diminuir a mortalidade”, começa por explicar a Prof. Doutora Dulce Brito, acrescentado que os efeitos positivos da vigilância conferida pela telemonitorização dependem “dos tipos de insuficiência cardíaca”.

Nesse sentido, a telemonitorização apresenta “uma maior tendência para atingir esses objetivos nos chamados grupos de maior risco, doentes com um deficit de contratilidade do coração mais acentuado e que tenham tido uma hospitalização recente, por descompensação da insuficiência cardíaca”, acrescenta a responsável. Ainda assim, a coordenadora sublinha que pode haver benefícios noutro tipo de contextos, como é o caso da telemonitorização de doenças crónicas.

O programa integra os doentes considerados pela equipa como sendo de mais alto risco, obtendo resultados a nível da redução do número de hospitalizações e da mortalidade, comparativamente com os doentes que são seguidos através do modelo de tratamento normal: “Os doentes sob telemonitorização neste programa tiveram muitos mais dias fora do hospital, e faltaram menos vezes ao trabalho, bem como os seus acompanhantes, comparativamente se fossem seguidos num programa usual sem medidas especiais”, adianta a especialista.

Neste momento, o programa conta com 32 doentes, tendo como objetivo incluir 40 até ao final do ano. Outra das metas a alcançar é a implementação de um colete de telemonitorização com 15 derivações, que já se encontra em fase de efetivação. Para além disso, a Prof. Doutora Dulce Brito revela que pretendem ainda incluir uma aplicação de telemóvel, de modo a que a comunicação com os doentes seja mais simples, permitindo contactar um maior número de pessoas.

 

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