É estimado que existam cerca de 400 mil doentes com IC em Portugal, com uma taxa de 4% de prevalência. Como afirma a coordenadora do programa, esta prevalência gera custos elevados, em termos de hospitalizações e consultas, para enumerar algumas. Ainda que possa afetar todos os grupos populacionais, a IC é mais comum entre as camadas mais idosas, sendo a causa mais comum de internamento após os 65 anos.
“A telemonitorização pode ser útil em termos de grande vigilância do doente, para evitar descompensações, impedir que o doente seja rehospitalizado, ou mesmo hospitalizado pela primeira vez, e até diminuir a mortalidade”, começa por explicar a Prof. Doutora Dulce Brito, acrescentado que os efeitos positivos da vigilância conferida pela telemonitorização dependem “dos tipos de insuficiência cardíaca”.
Nesse sentido, a telemonitorização apresenta “uma maior tendência para atingir esses objetivos nos chamados grupos de maior risco, doentes com um deficit de contratilidade do coração mais acentuado e que tenham tido uma hospitalização recente, por descompensação da insuficiência cardíaca”, acrescenta a responsável. Ainda assim, a coordenadora sublinha que pode haver benefícios noutro tipo de contextos, como é o caso da telemonitorização de doenças crónicas.
O programa integra os doentes considerados pela equipa como sendo de mais alto risco, obtendo resultados a nível da redução do número de hospitalizações e da mortalidade, comparativamente com os doentes que são seguidos através do modelo de tratamento normal: “Os doentes sob telemonitorização neste programa tiveram muitos mais dias fora do hospital, e faltaram menos vezes ao trabalho, bem como os seus acompanhantes, comparativamente se fossem seguidos num programa usual sem medidas especiais”, adianta a especialista.
Neste momento, o programa conta com 32 doentes, tendo como objetivo incluir 40 até ao final do ano. Outra das metas a alcançar é a implementação de um colete de telemonitorização com 15 derivações, que já se encontra em fase de efetivação. Para além disso, a Prof. Doutora Dulce Brito revela que pretendem ainda incluir uma aplicação de telemóvel, de modo a que a comunicação com os doentes seja mais simples, permitindo contactar um maior número de pessoas.