“A ideia base é ver se somos capazes de evoluir do tratamento da doença para o tratamento do doente”, refere o Prof. Doutor Rui Vaz, diretor do serviço de Neurocirurgia do CHUSJ e responsável pela equipa que instalou o dispositivo médico “inovador” em Portugal, em 2002, e que desde então já operou cerca de 350 doentes.
O dispositivo BrainSense, para além de ser capaz de “estimular o cérebro, permite também captar informação sobre as ondas cerebrais [ondas beta] que estão relacionadas com os sintomas de Parkinson”, adiantou o responsável, em declarações à Lusa.
O Prof. Doutor Rui Vaz adiantou ainda que “o tratamento atual é praticamente constante ao longo de todo o dia, quando a doença em si oscila ao longo do dia”, o que significa que o novo dispositivo permitirá, através dos registos obtidos, adaptar “o tratamento ao estado clínico do doente durante o dia, com menos tratamento nas fases em que se encontra bem e mais tratamento nas fases em que se encontra mal”, esclareceu.
O estimulador, implantado esta manhã numa mulher com Parkinson, “não difere em nada para o doente”, sendo até “mais pequeno” do que o dispositivo normalmente utilizado, ainda que a tecnologia seja “15% mais cara do que a bateria normal”, acrescentou o diretor do serviço. Contudo, o responsável espera que estes 15% adicionais sejam compensados, já que, ao adaptar-se à doença, a bateria dura mais tempo.
Neste momento, o neuro estimulador é apenas aplicável a doentes com síndrome acinética-rígido, ou seja, que tenham os movimentos limitados: “vamos, prudentemente, ver os resultados que conseguimos. Há uma base científica suficientemente forte, mas a experiência clínica séria está agora a iniciar-se e, enquanto não houver mais evidência sobre as formas tremóricas, não o colocaremos”, concluiu o neurocirurgião.
O CHUSJ foi o terceiro hospital a nível mundial a instalar este dispositivo médico, sendo que, até à data, apenas dois hospitais alemães o tinham feito.