Dia Internacional da Mulher: ataques cardíacos são cada vez mais frequentes em mulheres jovens, alerta SPC

08/03/19
Dia Internacional da Mulher: ataques cardíacos são cada vez mais frequentes em mulheres jovens, alerta SPC

A propósito do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira, 8 de março, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) lança um apelo e junta-se ao movimento “Go Red For Women”, da American Heart Association (AHA), alertando para o crescimento do número de casos de internamento por ataque cardíaco junto das populações femininas, sendo os ataques cardíacos cada vez mais frequentes em mulheres jovens. Os dados foram revelados num estudo publicado na revista Circulation. 

A iniciativa pretende reduzir as doenças cardiovasculares e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) nas mulheres.

De acordo com o estudo, as doenças cardiovasculares continuam a ser a ameaça número um da saúde das mulheres, com mais de dois milhões de mortes prematuras por ano. O risco de morte ou incapacidade devido a estas patologias é largamente subestimado nas mulheres, sendo superior ao risco de morte por cancro (morrem, todos os anos, nove vezes mais mulheres por doença cardiovascular do que por cancro da mama). No entanto, importa salientar que cerca de 80% dos eventos cardíacos podem ser prevenidos.

Os investigadores analisaram dados de internamentos hospitalares e verificaram que os internamentos por enfarte agudo do miocárdio (ou ataque cardíaco), entre os 35 e os 54 anos, aumentaram de 27% em 1995-99 para 32% em 2010–14. O acréscimo foi mais pronunciado nas mulheres, que tiveram uma subida de 10% nas taxas de admissão em comparação com 3% para os homens. O estudo também constatou que as mulheres jovens internadas em consequência de enfarte agudo do miocárdio eram mais propensas a ter ascendência africana, hipertensão arterial, doença renal crónica, diabetes e outras condições médicas conhecidas por aumentar o risco de enfarte.

Segundo a publicação, esta população tinha também menor probabilidade de receber tratamento adequado, incluindo procedimentos invasivos para abrir artérias obstruídas e menor utilização de medicamentos recomendados, tais como anticoagulantes, betabloqueadores, fármacos para reduzir o colesterol e terapias para diminuir o risco de futuros enfartes.

“Não é o primeiro estudo que revela que as mulheres são de certa forma negligenciadas no tratamento do enfarte. Os profissionais de saúde devem reconhecer esse facto e desencadear estratégias para contrariar essa tendência", comenta o Dr. José Ferreira Santos, secretário-geral da SPC.

Para o especialista, "algumas das diferenças detetadas podem estar relacionadas com o facto de as mulheres apresentarem sintomas menos típicos de enfarte do miocárdio, ou seja, muitos dos sinais que as pessoas conhecem, como a dor torácica, são mais comuns nos homens, enquanto os elementos do sexo feminino tendem a manifestar sintomas como cansaço extremo, pressão intermitente no peito e dor nos braços, costas, pescoço, maxilares ou estômago”.

Embora seja consensual que as mulheres tendem a sofrer mais de doenças cardiovasculares, principalmente após a menopausa, as mulheres que tiveram enfartes, AVC e outras doenças cardiovasculares continuam a apresentar taxas de mortalidade desproporcionalmente mais altas que os homens", comentou o Prof. Doutor Joseph A. Hill, editor-chefe da Circulation.

 

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