FDA expande aprovação de brentuximab vedotina para 1.ª linha de tratamento de linfoma de Hodgkin clássico

22/03/18
FDA expande aprovação de brentuximab vedotina para 1.ª linha de tratamento de linfoma de Hodgkin clássico

A Food and Drug Admnistration (FDA) aprovou, no dia 20 de março, o medicamento brentuximab vedotina para tratar doentes adultos com linfoma de Hodgkin clássico não tratado de estádios III ou IV, em associação com a quimioterapia.

“A aprovação representa uma melhoria nos regimes de tratamento inicial do linfoma de Hodgkin avançado, que foram introduzidos na prática clínica há mais de 40 anos”, afirma o Dr. Richard Pazdur, diretor do Centro de excelência de Oncologia da FDA e diretor interino do Gabinete de Produtos de Hematologia e Oncologia no Centro da FDA para a Avaliação e Investigação de Fármacos. “Esta aprovação demonstra o nosso compromisso em aprovar avanços no tratamento que permitem aos médicos e doentes terem diferentes opções de terapêutica”.

O linfoma é um cancro com origem no sistema linfático, que faz parte do sistema imunitário e que ajuda o organismo a combater infeções e doenças. O linfoma pode surgir em qualquer região do organismo e pode espalhar-se para os gânglios linfáticos que se encontram na proximidade. Os dois tipos principais de linfoma são o linfoma de Hodgkin (também chamado doença de Hodgkin) e linfoma não Hodgkin. A maioria das pessoas com linfoma de Hodgkin têm o tipo clássico, caracterizado pela presença de linfócitos grandes e anormais nos gânglios linfáticos, que são designados por células Reed-Sternberg. Os doentes com linfoma de Hodgkin podem usualmente experienciar uma remissão a longo-termo, se a intervenção for feita precocemente.

O Instituto Nacional do Cancro e os Institutos Nacionais de Saúde estimam que 8260 pessoas nos Estados Unidos da América foram diagnosticadas com linfoma de Hodgkin no ano passado e que 1070 doentes com linfoma não Hodgkin morreram da doença em 2017.

O brentuximab vedotina é um anticorpo anti-CD30 conjugado a um fármaco (vedotina), permitindo o anticorpo direcionar o medicamento às células linfoma. Brentuximab vedotina já tinha sido aprovado pela FDA no tratamento de linfoma de Hodgkin clássico após recidiva ou após transplante de medula óssea (quando o doente se encontra em elevado risco de recaída ou progressão), no tratamento do linfoma anaplásico de grandes células sistémico (LAGCS) após falha de outra terapêutica ou do LAGS primário cutâneo após falha de outra terapêutica.

A aprovação como tratamento de 1.ª linha em doentes adultos com linfoma de Hodgkin clássico, de estádios III ou IV, foi baseada num ensaio clínico que comparou a terapêutica brentuximab vedotina + quimioterapia (doxorrubicina, vimblastina e dacarbazina ou AVD) com a terapêutica só com quimioterapia (QT) comumente utilizada no tratamento de linfoma de Hodgkin clássico (AVD + bleomicina ou ABVD). O estudo mediu a sobrevivência livre de progressão modificada (mPFS), que considerou a duração de tempo até a doença progredir, ou até a morte ocorrer ou até uma nova terapêutica ser iniciada em doentes que não alcançaram uma resposta completa. No ensaio de 1334 doentes, após os doentes terem recebido uma média de seis ciclos de 28 dias, os indivíduos tratados com brentuximab vedotina + AVD apresentaram uma redução de 23% em termos de progressão, morte ou iniciação de uma nova terapêutica, quando comparados com os que receberam ABVD. No braço brentuximab vedotina + AVD, 117 doentes (18%) experienciaram progressão da doença, morte ou começaram nova terapêutica, enquanto no braço ABVD foram 146 (22%) doentes.   

Os efeitos secundários comuns de brentuximab vedotina incluem baixos níveis de certas células do sangue (neutropenia, anemia), danos do nervo causando dormência ou fraqueza nas mãos e pés (neuropatia periférica), náusea, fadiga, obstipação, diarreia, vómito e febre (pirexia). No ensaio clinico referido acima, 67% dos doentes tratados com brentuximab vedotina + QT experienciaram danos no sistema nervoso periférico (neuropatia periférica). Em adição, a neutropenia ocorreu em 91% dos doentes tratados com brentuximab vedotina + QT, que esteve associada a 19% de neutropenia febril. O tratamento preventivo com G-CSF, fator de crescimento que induz a medula óssea a produzir células brancas, é recomendado com brentuximab vedotina + QT para tratamento de 1.ª linha de estádios III ou IV de linfoma de Hodgkin clássico.   

Brentuximab vedotina tem um aviso de caixa que chama a atenção para o risco de leucoencefalopatia multifocal progressiva, resultante da infeção do vírus John Cunningham, uma infeção cerebral rara, mas grave, que pode resultar em morte.

Os riscos graves de brentuximab vedotina incluem neuropatia periférica, reações no local de perfusão ou alergias severas, toxicidades hematológicas, pulmonares ou hepáticas, infeções graves ou oportunistas, anormalidades metabólicas, reações dermatológicas graves e complicações gastrointestinais. Brentuximab vedotina pode causar danos a um feto em desenvolvimento e a um bebé recém-nascido, as mulheres devem ser avisadas do risco potencial para o feto e usar contraceção efetiva e evitar amamentação durante o tratamento com brentuximab vedotina.

  

Partilhar

Publicações