Linfoma de Hodgkin: primeira aprovação do pembrolizumab numa doença maligna hematológica na EU

30/05/17
Linfoma de Hodgkin: primeira aprovação do pembrolizumab numa doença maligna hematológica na EU

A Comissão Europeia aprovou recentemente o pembrolizumab, a terapêutica anti-PD-1 da MSD, para o tratamento de doentes adultos com linfoma de Hodgkin clássico recidivante ou refratário (LHc) que não tenham respondido ao transplante de células estaminais autólogas (ASCT) e a brentuximab vedotina (BV) ou que não foram elegíveis para transplante e que não tenham respondido a BV.

A aprovação permite a comercialização de pembrolizumab em todos os 28 estados-membros da União Europeia (EU) e na Islândia, Liechtenstein e Noruega, na dose aprovada de 200 mg de três em três semanas até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável.

“A aprovação traz uma importante nova opção de tratamento para doentes na Europa com linfoma de Hodgkin clássico que não tenham respondido às terapêuticas existentes,” refere o Dr. Roger Dansey, vice-presidente sénior e responsável da área terapêutica desenvolvimento em Oncologia de estádio tardio da MSD. “Esta conquista ressalta o nosso compromisso na avaliação do pembrolizumab em doenças com necessidades não respondidas enfrentadas pela comunidade hematológica”, acrescenta.

Segundo o Prof. Doutor Pier Luigi Zinzani, professor associado de Hematologia do Instituto de Hematologia “L. e A. Seràgnoli,” Universidade de Bolonha, “para doentes com linfoma de Hodgkin clássico que não tenham sido tratados com sucesso com terapêuticas anteriores – muitos dos quais são jovens e têm um prognóstico reservado – existem opções limitadas e o tratamento da doença enfrenta desafios significativos”. O especialista refere ainda que “com esta aprovação, poderemos agora fornecer a estes doentes uma nova e muito aguardada opção de tratamento”.

Dados que suportam a aprovação

A aprovação baseou-se nos dados de 241 doentes dos ensaios KEYNOTE-087 e KEYNOTE-013. Estes estudos abertos multicêntricos avaliaram doentes com LHc que não responderam ao ASCT e ao BV, que não foram considerados elegíveis para o ASCT, por não terem alcançado remissão completa ou parcial após quimioterapia de salvação e que não responderam ao BV, ou que não responderam ao ASCT e não receberam BV.

Ambos os estudos incluíram doentes independentemente da expressão de PD-L1. Os doentes com pneumonite não infeciosa ativa, com transplante alogénico nos últimos cinco anos (ou num período superior a cinco anos mas com sintomas de GVHD [doença enxerto-contra-hospedeiro]), doença autoimune ativa ou doença que exigisse imunossupressão não foram considerados elegíveis para nenhum dos ensaios. As principais medidas de eficácia, taxa de resposta global (ORR) e taxa de resposta completa (CRR) foram avaliadas através de análise central, independente e em ocultação, de acordo com os critérios revistos do Grupo de Trabalho Internacional (IWG) de 2007. As medidas de eficácia secundárias foram a duração de resposta, a sobrevivência isenta de progressão e a sobrevivência global.

No estudo KEYNOTE-087, foi administrado pembrolizumab a 210 doentes na dose de 200 mg de três em três semanas até toxicidade inaceitável ou progressão documentada da doença. 81% dos doentes eram refratários a pelo menos uma terapêutica anterior, incluindo 35% refratários à terapêutica de primeira linha. Adicionalmente, 61% dos doentes tinham sido submetidos a ASCT prévio, 38% não tinham sido considerados elegíveis para transplante, 17% não tinha recebido BV e 36% tinha feito radioterapia previamente. A análise de eficácia revelou ORR de 69% (95% IC: 62,3, 75,2) com CRR de 22% e uma taxa de resposta parcial (PRR) de 47%. A duração da mediana de seguimento foi de 10,1 meses. De entre os 145 doentes respondedores, a mediana da duração da resposta foi de 11,1 meses (variação 0,0+ a 11,1), com 76% dos respondedores com respostas de seis meses ou mais.

No estudo KEYNOTE-013, foi administrado pembrolizumab a 31 doentes na dose de 10 mg/kg de duas em duas semanas até toxicidade inaceitável ou progressão documentada da doença. 87% dos doentes eram refratários a pelo menos uma terapêutica anterior, incluindo 39% refratários à terapêutica de primeira linha. 74% dos doentes tinham sido submetidos a ASCT prévio, 26% não tinham sido considerados elegíveis para transplante e 42% tinham feito radioterapia previamente. A análise de eficácia revelou ORR de 58% (95% IC: 39,1, 75,5) com CRR de 19% e PRR de 39%. A mediana da duração de seguimento foi de 28,7 meses. De entre os 18 doentes respondedores, a mediana da duração da resposta não foi atingida (variação 0,0+ a 26,1+), com 80% dos doentes com resposta de seis meses ou mais e 70% com uma resposta de 12 meses ou mais.

A análise de segurança que suporta a aprovação europeia de pembrolizumab baseou-se em 3 194 doentes com melanoma avançado, NSCLC ou LHc e em quatro dosagens (2 mg/kg de três em três semanas, 200 mg de três em três semanas ou 10 mg/kg de duas em duas ou três em três semanas) em estudos clínicos. As reações adversas mais comuns (mais de 10%) com pembrolizumab foram fadiga  (22%), prurido  (15%), exantema  (13%), diarreia  (12%) e náuseas  (10%). A maioria das reações adversas reportadas foi de gravidade de grau 1 ou 2. As reações adversas mais graves foram reações relacionadas com a imunidade e com a perfusão.

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