WCLC2016: Qualidade de vida superior com pembrolizumab no cancro do pulmão

27/12/16
WCLC2016: Qualidade de vida superior com pembrolizumab no cancro do pulmão

O emblemático ensaio de fase III KEYNOTE-024 apresentou na ESMO 2016 dados altamente impactantes em cancro do pulmão avançado, a que agora junta uma vantagem de HRQoL na 17ª Conferência Mundial de Cancro do Pulmão, que decorreu em Viena no início de dezembro.

Os participantes na Sessão Plenária do último dia da WCLC 2016 ouviram os investigadores responsáveis pelos quatro estudos mais relevantes submetidos em imunoterapia este ano.

Entre eles encontrava-se a Dr.ª Julie Brahmer, oncologista médica e investigadora no Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center da Universidade Johns Hopkins, que apresentou resultados atualizados do emblemático ensaio de fase III KEYNOTE-024, recentemente apresentado no congresso anual da ESMO, referentes a dados de qualidade de vida relacionada com a Saúde (HRQoL) para pembrolizumab versus quimioterapia em carcinoma do pulmão de não-pequenas células (CPNPC) com expressão de PD-L1 ≥50%.

Pembrolizumab, um anticorpo anti recetor de morte celular programada 1 (PD-1) humanizado, demonstrou já atividade antitumoral robusta e um perfil de toxicidade favorável em vários tipos de tumor. “No estudo KEYNOTE-024, pembrolizumab demonstrou uma eficácia superior a quimioterapia com platinos como tratamento de primeira linha de doentes com CPNPC avançado, com expressão do ligando de morte celular programada 1 (PD-L1) em ≥50% das células tumorais e ausência de mutações sensibilizadoras EGFR ou ALK (HR: 0.50, p >0.001). Os investigadores observaram um benefício significativo no endpoint primário de sobrevivência livre de progressão (PFS) de aproximadamente quatro meses relativamente à quimioterapia (10.3 vs. 6.0 meses, hazard ratio [HR] 0.50, p <0.001). O endpoint secundário de sobrevivência global (OS) também foi significativo, com sobrevivência de 80% dos doentes no braço do pembrolizumab versus 72% dos doentes no braço da quimioterapia aos seis meses (HR=0.60)” relembrou a especialista.

Face a estes resultados “extremamente encorajadores”, pembrolizumab foi recentemente aprovado pelo regulador americano FDA para tratamento de primeira linha de doentes com CPNPC avançado com expressão de PD-L1 (TPS) ≥50% e ausência de mutações EGFR ou ALK.

A Dr.ª Brahmer reportou novos dados da análise exploratória pré-especificada do KEYNOTE-024, relativa a outcomes reportados pelos doentes tratados neste estudo. Os instrumentos de avaliação de qualidade de vida utilizados foram as escalas EORTC QLQ-30 e EORTC QLQ-LC13.

A aplicação da escala de estado de Saúde global EORTC QLQ-30 avaliou alterações de HRQoL desde a baseline até à semana 15, observando-se “uma melhoria geral do estado de saúde global dos doentes tratados com pembrolizumab, com uma vantagem média de 7.8 pontos (IC 95%: 2.8-12.8, p=0.002) a favor de pembrolizumab (n=150).” Com base nestes resultados, os investigadores concluíram que pembrolizumab se associa a um benefício clinicamente significativo de HRQoL comparado com quimioterapia standard.

O tempo até deterioração dos sintomas, outro parâmetro “muito importante para estes doentes” foi igualmente analisado. “Através da aplicação da escala EORTC QLQ-LC13 - tendo a tosse, dor no peito e dispneia como endpoints compósitos -, observou-se que pembrolizumab prolongou significativamente o tempo até deterioração dos sintomas comparado com quimioterapia [46 (30.5%) eventos no braço de pembrolizumab vs. 58 (39.2%) eventos no braço de quimioterapia (HR: 0.66, p=0.029)].”

Para terminar, a Dr.ª Brahmer afirmou que “pembrolizumab pode, assim, ser um novo standard of care para o tratamento de primeira linha de doentes com CNPCP com expressão elevada de PD-L1 (TPS> 50%), dados os benefícios de PFS e sobrevivência global e perfil de segurança favorável reportados”.

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