Hepatites: “Portugal tem um acesso à terapêutica sem paralelo na Europa”

21/07/16
Hepatites: “Portugal tem um acesso à terapêutica sem paralelo na Europa”

No âmbito do Dia Mundial de Luta contra as Hepatites, que se assinala a 28 de julho, o Prof. Doutor Armando Carvalho, membro do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), sublinha que “Portugal tem um acesso à terapêutica sem paralelo na Europa, com o custo integralmente suportado pelo Estado”.

Ao longo dos últimos 25 anos foram tratados vários milhares de doentes em Portugal, sendo curados cerca de 50% deles. Com a comparticipação do sofosbuvir e da associação ledispasvir/sofosbuvir foi possível tratar cerca de 6.000 doentes a nível nacional em 2015.

O Prof. Doutor Armando Carvalho lembra que, no Congresso Português de Hepatologia, foram apresentados dados otimistas quanto ao tratamento e cura destes casos. Nomeadamente, comunicações que retrataram a experiência de cinco centros portugueses no tratamento da hepatite C em 2015 e que mostraram que, em 800 doentes (aproximadamente 50% não respondedores a tratamento anterior e 50% cirróticos), com avaliação às 12 semanas após tratamento, houve cura virológica em cerca de 95% dos casos.

Também em grupos de doentes especiais, como hemodialisados e transplantados renais, verificaram-se resultados positivos, quando até agora eram casos difíceis ou impossíveis de tratar. O especialista explica que foi possível iniciar o tratamento à maioria dos doentes que dele necessitavam e que já eram seguidos em consulta. Reforçando o esforço feito pela classe médica (gastrenterologistas, internistas e infeciologistas), o especialista afirma que “este esforço tem de continuar pois existem ainda muitos doentes por tratar e diagnosticar”.

Atualmente estão estabilizados mais de 90% dos doentes que têm hepatite B e, por sua vez, em mais de 95% dos casos de hepatite C foi possível eliminar o vírus. Numa visão do total de infetados em Portugal “concluímos que existem seguramente muitos doentes por diagnosticar, impondo-se uma estratégia de rastreio dirigido a grupos com maior probabilidade de infeção, de modo a levar o benefício do tratamento ao maior número possível de doentes”, refere o Prof. Doutor Armando Carvalho. No entanto e apesar de em Portugal já se ter feito muito no que diz respeito à prevenção das hepatites virais, continua ainda a faltar um plano nacional, que já esteve em discussão na Direção-Geral de Saúde, mas que continua adiado.

Partilhar

Publicações