De acordo com o especialista, "A depressão é uma doença complexa quanto aos seus sintomas (emocionais, cognitivos e somáticos), de causalidade múltipla (reativa a acontecimentos de vida e a outras doenças médicas, endógena), pelo que a única resposta eficaz deverá ser através da
utilização de várias formas de tratamento (psicoterápico, socioterápico, psicofarmacológico,
físico e complementar), em simultâneo ou sequencialmente."
Na opinião de Fernando Medeiros Paiva, "talvez por causa destes aspetos múltiplos e complexos, o reconhecimento de um episódio depressivo e o seu diagnóstico são muito tardios". Segundo adianta, em Portugal, de acordo com o último estudo epidemiológico, o tempo médio de diagnóstico de uma depressão é de cinco anos.
O psiquiatra considera que não será possível ter êxito na recuperação do doente sem primeiro conseguir a sua integral cooperação e a dos seus familiares e amigos nesse projeto delineado certamente pelo médico, mas obrigatoriamente acompanhado pela preciosa colaboração do doente.
"Ouvir o doente com atenção e empatia, procurar compreendê-lo e ajudá-lo a perceber os seus sintomas, esclarecer o mais possível o funcionamento do órgão responsável pelos sintomas e o envolvimento de outros órgãos e sistemas na génese e desenvolvimento desses sintomas, e procurar conhecer os acontecimentos de vida negativos, incentivando o relato de outros acontecimentos que tenham ocorrido e que sejam positivos", são algumas das regras que o especialista aponta que devem ser seguidas com rigor e empenho pelo médico para favorecer a adesão do doente à terapêutica.
As declarações de Fernando Medeiros Paiva surgem na edição de abril do Jornal Médico, que dedica várias páginas a um Especial sobre Psiquiatria.
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