Os últimos dados mostram que 10 dos 15 indicadores sobre os perigos e impactos das alterações climáticas “atingiram novos recordes preocupantes”, pode ler-se no estudo, acrescentando que, em 2023, "o ano mais quente já registado”, as pessoas "foram expostas, em média, a mais 50 dias de temperaturas perigosas para a saúde”. A mortalidade relacionada com o calor “das pessoas com mais de 65 anos aumentou 167 % em comparação com os anos 1990”; além disso, esta exposição a temperaturas altas também afeta a atividade física e a qualidade do sono. No ano passado, as horas de sono diminuíram 6 %, em comparação com a média entre 1986 e 2005, com consequências na saúde física e mental.
“Mais uma vez, foram batidos recordes devido às mudanças climáticas — com ondas de calor extremas, incêndios florestais devastadores, que afetam pessoas em todo o mundo. Nenhum indivíduo ou economia no planeta está imune às ameaças para a saúde das alterações climáticas. A persistente expansão dos combustíveis fósseis e as emissões recorde de gases com efeito estufa agravam esses efeitos perigosos para a saúde e ameaçam reverter o progresso limitado feito até agora e deixar ainda mais fora do alcance um futuro saudável”, refere Marina Romanello, diretora executiva do Lancet Countdown na University College London.
Com a produtividade a ser afetada e, em 2023, a exposição ao calor levou a uma “perda recorde de 512 mil milhões de horas de trabalho potenciais”, equivalente a um eventual prejuízo de 835 mil milhões de dólares (771,9 mil milhões de euros) de rendimento a nível mundial.
Segundo o relatório, as perdas económicas médias anuais causadas por fenómenos climáticos extremos aumentaram 23 %, se forem comparados os períodos de 2010 a 2014 e 2019 a 2023, totalizando 227 mil milhões de dólares (209,8 mil milhões de euros), “maior que o produto interno bruto (PIB) de cerca de 60 % das economias em todo o mundo”.
Anthony Costello, copresidente do Lancet Countdown, insiste na necessidade de “uma transformação global dos sistemas financeiros”. “Para uma reforma bem-sucedida, a saúde das pessoas deve estar no centro de uma política dirigida à mudança climática, para garantir que os mecanismos de financiamento protejam o bem-estar, reduzam as desigualdades e maximizem os ganhos em saúde, especialmente no caso dos países e comunidades que mais precisam”.
A próxima cimeira das Nações Unidas sobre o clima vai decorrer entre 11 e 12 de novembro, em Baku, no Azerbaijão.
Fonte: Lusa