O último estudo realizado em Portugal, em 1998, estimou que mais de 400 mil pessoas viviam com insuficiência cardíaca crónica na população adulta2,3.
Para a Prof.ª Doutora Cristina Gavina, cardiologista e investigadora principal do estudo PORTHOS, “estes resultados representam um alerta vermelho para um problema de saúde pública que a população desconhece e a comunidade médica e os decisores políticos têm vindo a ignorar! O conhecimento da magnitude do problema é a oportunidade de criar estratégias para diagnóstico e orientação precoce desta síndrome e, fundamentalmente, para a sua prevenção. Fatores de risco conhecidos como a hipertensão, a diabetes e a obesidade, se adequada e atempadamente controlados, podem evitar esta epidemia que irá agravar-se com o envelhecimento progressivo da nossa população.”
Utentes do Serviço Nacional de Saúde de Portugal Continental receberam um contacto telefónico no qual eram convidados a participar no estudo e, com a sua anuência, a deslocarem-se à unidade móvel, um camião equipado com meios técnicos e humanos, onde eram submetidos a testes e exames que iam desde a colheita de sangue, ao eletrocardiograma e ao ecocardiograma.
O PORTHOS assentou num modelo inovador de investigação colaborativa, agregando uma equipa extensa de investigadores, médicos e outros profissionais de saúde das entidades parceiras que colaboraram entre si no desenho e na respetiva implementação. Adicionalmente, foram envolvidas outras entidades e elementos da sociedade civil que, em conjunto, mobilizaram esforços para o sucesso deste projeto.
O estudo decorreu entre dezembro de 2021 e setembro de 2023, envolvendo uma amostra de 6189 pessoas acima dos 50 anos registadas no Serviço Nacional de Saúde de Portugal Continental. A prevalência de insuficiência cardíaca foi estimada com um intervalo de confiança de 95 %.
Referências
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PT-17356 aprovado em Dezembro de 2023