"O cancro do pulmão não tira férias", alertam especialistas

01/08/22
"O cancro do pulmão não tira férias", alertam especialistas

No âmbito da efeméride do Dia Mundial do Cancro do Pulmão, assinalada hoje, dia 1 de agosto, a Astrazeneca, contando com o apoio de associações e sociedades ligadas à Pneumologia, juntamente com o testemunho do Prof. Doutor António Araújo, deixam o alerta para que a população esteja atenta a eventuais sintomas associados à doença e que proceda à realização de exames mesmo em período de férias de verão.

De acordo com Prof. Doutor António Araújo, diretor do serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitário de São João, “temos assistido a uma série de atrasos e falhas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a nível de acesso aos cuidados de saúde primários e das urgências, que se refletem, naturalmente, em demoras de diagnóstico”.

O especialista diz ainda que “é natural que no período de férias haja consultas e exames ainda mais atrasados. Porque já existem no SNS muitas dificuldades a nível da Imagiologia, da Radiologia e da Radiologia de Intervenção, essenciais para fazer o estadiamento do cancro do pulmão e que leva, muitas vezes, a atrasos na realização dos exames já em tempo normal. Assim, é natural que no período de férias as coisas se agravem mais”.
É importante estar atento aos sinais e sintomas, também neste período de férias, sobretudo porque “o cancro do pulmão é muitas vezes confundido com outras doenças”, o que tem a ver com o tipo de sintomas: tosse, expetoração, falta de ar, “associados a doenças mais benignas”.

Embora o tabagismo continue a ser a causa predominante de cancro do pulmão, a incidência, desta patologia, em não fumadores é um importante problema de saúde pública, como refere o especialista.

“A população, e mesmo, às vezes, os próprios médicos de família, acaba por pensar em primeiro lugar no que é mais frequente e esquecem-se de pôr na equação a possibilidade de ser cancro do pulmão. O que muitas vezes resulta em atrasos no diagnóstico.” E, recorda o médico:

“Numa doença que tem um prognóstico reservado, quanto mais avançado for o estádio, ou seja, quanto mais avançado estiver o tumor, a probabilidade de sobrevivência do doente diminui. Daí ser fundamental fazer o diagnóstico o mais precoce possível, para aumentar as possibilidades de sobrevivência”.

O Prof. Doutor António Araújo reforça ainda que “com os novos medicamentos que têm surgido, conseguimos dar mais tempo e melhor qualidade de vida aos nossos doentes. Com o advento da terapia dirigida a alvos, conseguimos aumentar muito a sobrevivência nos casos que têm alvos moleculares que podem ser potencialmente tratados, o que corresponde, a cerca de 25-30 % da população com cancro do pulmão”. A este novo armamentário terapêutico junta-se, ainda, “a imunoterapia, que foi um avanço enorme e uma mudança no paradigma no tratamento do cancro do pulmão”.

O médico oncologista defende também, em prol do diagnóstico precoce, que é tempo de criar um rastreio em Portugal para o cancro do pulmão. “Existe já evidência científica que justifica a implementação de, pelo menos, um programa piloto de rastreio. Sendo o diagnóstico precoce uma arma fundamental para darmos mais qualidade de vida aos nossos doentes, o rastreio seria um utensílio de enormíssima importância para conseguirmos diagnosticar os doentes mais cedo, podendo ainda ser usado para promover a cessação tabágica.”
Desta campanha de consciencialização fazem parte ainda a Associação Nacional de Farmácias (ANF), a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), com o apoio da Rede de Expressos.

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