Viver o futuro aprendendo com o passado

17/02/22
Viver o futuro aprendendo com o passado

Aprender com o passado foi a frase de ordem que marcou o Fórum de Equidade e Acessibilidade na era COVID-19, decorrido na passada sexta-feira, 11 de fevereiro, no Centro Cultural de Belém. Organizado pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), o encontro reuniu profissionais de saúde de diferentes áreas que contribuíram para a gestão do sistema de saúde durante os últimos dois anos. Assista à reportagem.

O fórum foi “um grande sucesso” e “muito participado”, na qual se debateram três grandes áreas: a fase pré-pandémica, o impacto da pandemia na investigação das doenças cardiovasculares e o período pós-pandemia que se avizinha. Quem o partilhou foi o presidente da SPC, Prof. Doutor Lino Gonçalves, em entrevista.

O impacto desta doença nos cuidados de saúde cardiovasculares bem como no Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi o tema destaque de todo o encontro. O futuro poderá ser incerto, mas é preciso “desenhar estratégias” para conhecer, analisar e proceder a uma nova gestão desta fase pós-pandemia.

Após dois anos de eventos virtuais, a SPC retoma o presencial com “enorme satisfação”. “Ajuda muito na troca de ideias e na discussão”, refere.

A análise de número e a constante investigação foram debatidos na sessão moderada pelo Prof. Doutor Victor Gil. A investigação “influencia as políticas em plena pandemia”, pelo que se não existissem números seria “um caos”, partilha o presidente cessante da SPC. “Espero que sirva para se aprender alguma lição”.

Devido aos atrasos no diagnóstico, listas de espera mais longas e ainda o medo de se deslocarem aos hospitais levou a uma maior mortalidade de pessoas não COVID bem como devido a doenças cardiovasculares. Neste período pós-pandémico, é preciso recuperar o sistema que existia em 2019.

O especialista alerta que, após a COVID-19, pode surgir outra pandemia, outra doença severa, outro vírus altamente contagioso. Estes dois anos mostraram ao sistema de saúde que deve estar preparado para outro momento semelhante. As crises podem ser antecipadas através de métodos e estratégias para suavizá-las. “Tudo isto são lições que aprendemos no terreno e que espero que não fiquem no passado.”

O pós-pandemia ainda é uma incógnita. O especialista em Saúde Pública, Dr. Ricardo Mexia, reforça que o primeiro passo para avançarmos para esta nova fase da pandemia deve ser a reflexão. “Julgo que precisamos de ter uma cultura de avaliação”, esclarece. Conhecer as falhas e as insuficiências para as conseguir melhorar e colmatar e, posteriormente, avaliar e moldar. Os números de consultas e cirurgias estão a ser retomadas a pouco e pouco, no entanto é preciso “lidar com os atos que ficaram preteridos, mas também o impacto e as consequências da própria infeção”.

A prevenção deve ser a principal aposta, nesta fase, de acordo com o profissional de Saúde Pública, para que seja possível a redução da carga da doença na dimensão cerebrocardiovascular.

Já o Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro, pneumologista, reforçou que esta especialidade lidou com uma das consequências mais graves da COVID-19: a pneumonia. No entanto, o impacto da COVID-19 longa é também um problema a ser debatido, sendo que cerca de 10% das pessoas com esta doença apresentam sintomas durante mais de três meses. Posto isto, todos vão necessitar de gestão acentuada e orientação para cuidados de saúde diferenciados e personalizados.

 

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