Glaucoma afeta mais de 100 mil portugueses

06/03/13

Há mais de 100 mil portugueses a sofrer de glaucoma e a incidência tende a aumentar no nosso país devido ao envelhecimento da população. A propósito da Semana Mundial do Glaucoma, que se assinala de 10 a 16 de Março, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) deixa o alerta: a doença continua a ser uma das principais causas de cegueira em Portugal devido ao diagnóstico tardio.


Só vigilância regular permite que a doença possa ser detetada precocemente, evitando a perda de visão.

O glaucoma é uma doença ou conjunto de doenças de evolução crónica que afetam o nervo óptico, podendo conduzir à perda progressiva de visão, se for deixado sem tratamento, e constitui a segunda causa mais frequente de cegueira a nível mundial (9 milhões de pessoas cegas). Estudos de prevalência recentes apontam para a presença da doença em 1,97 por cento das pessoas com idade superior a 40 anos na Europa.

Por ausência de sintomas ou sinais de alarme nas fases precoces é conhecido pela "doença que cega silenciosamente", podendo passar despercebida em 50 por cento dos casos que surgem nos países desenvolvidos.

Maria da Luz Freitas, oftalmologista e coordenadora do Grupo Português do Glaucoma da SPO, refere que "como se trata de uma doença silenciosa que, com exceção do glaucoma agudo de ângulo fechado, não dá sintomas nem sinais nas fases precoces da doença, é fundamental a sensibilização da população em geral para esta doença. As visitas de rotina ao oftalmologista contribuirão para que o diagnóstico e o tratamento sejam cada vez mais precoces e o número de cegos diminua, contrariando o aumento da prevalência."

A especialista explica que "à semelhança do que se passa no resto do Mundo, também em Portugal se tem vindo a desenvolver esforços no sentido de dar a conhecer a doença nas suas diferentes formas, assim como o seu diagnóstico e tratamento. Portugal dispõe das técnicas de diagnóstico, de tratamento médico e oftalmologistas subespecializados nesta área que praticam as diferentes técnicas cirúrgicas, estando atualizado com o que de melhor se pratica na Europa e nos EUA."

As técnicas existem no nosso país, mas para poderem ser utilizadas é fundamental que os doentes procurem os especialistas. "O rácio geral oftalmologistas/população portuguesa está dentro do aconselhado pela EU. O facto de existirem muitos doentes com a doença em fase muito avançada ou cegos por glaucoma, não se deve à falta de oftalmologistas, mas sim ao diagnóstico tardio e à falta de conhecimento da possibilidade cirúrgica com técnicas novas, mais seguras, que são alternativa ao tratamento médico quando este não é eficaz", refere Maria da Luz Freitas.

Paulo Torres, presidente da SPO, defende que "é essencial o diagnóstico precoce da doença, a fim de prevenir uma perda definitiva da visão, pelo que se recomenda à população que visite o oftalmologista com regularidade para que não só o glaucoma, mas também outros problemas possam ser detetados prematuramente. E a quem sofre de glaucoma lembro que só o cumprimento rigoroso das recomendações do médico assistente pode travar a progressão da doença".

O Grupo Português de Glaucoma da SPO vai promover uma reunião científica direcionada para o diagnóstico e seguimento da doença a realizar nos dias 15 e 16 de Março, no Hotel Vidago Palace.

 

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