“Temos três áreas de ação identificadas no programa da Presidência Portuguesa da União Europeia, para as quais devemos reforçar a implementação de medidas a nível europeu que considerem a importância da diabetes: primeiro nas pessoas com cancro, segundo na prevenção da COVID-19 nas populações de risco, nomeadamente com diabetes e, por fim, o reforço da saúde digital e do acompanhamento à distância (também na diabetes). Falta o alerta que reforçamos: neste dia mundial, voltemos as nossas atenções especialmente para as pessoas com diabetes atingidas pelo cancro”, defende o presidente da APDP, Prof. Doutor José Manuel Boavida.
Sensibilizar para a relação perigosa entre diabetes e cancro, responsável, em Portugal, pelo aumento da mortalidade intra-hospitalar de oito para 13% (47% dos doentes) é um dos principais objetivos da ação. O apelo da associação é que sejam implementadas estratégias e políticas de prevenção eficientes que travem o rápido acréscimo destas duas doenças.
A associação lembra que o cancro e a diabetes estão entre as “Dez ameaças à saúde global” identificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), referindo que a previsão é que o número de pessoas afetadas continue a aumentar. Estima-se que uma em cada cinco pessoas com cancro (20%) também tenha diabetes. Adicionalmente, estudos epidemiológicos sugerem que as pessoas com diabetes apresentam maior risco de desenvolver determinados tipos de cancros, nomeadamente hepático, pancreático, do endométrio, colo-rectal, mama e bexiga.
“Temos de apostar numa comunicação de consciencialização para os cuidados a adotar, proporcionar ambientes propícios à adoção de estilos de vida mais saudáveis, oportunidades de diagnóstico precoce, assistência clínica para gerir ambas as condições e programas de educação para as pessoas com diabetes e cancro e profissionais de saúde. Tudo medidas ainda mais relevantes em tempo de pandemia, uma vez que a COVID-19 é um risco acrescido para estas pessoas”, adverte o diretor clínico da APDP, Dr. João Filipe Raposo.
Uma alimentação desadequada, o sedentarismo, o tabaco, o consumo excessivo de álcool e fatores ambientais como a poluição, mas também o isolamento social e o stresse, são alguns dos fatores de risco comuns às duas doenças.