Por muito que desejássemos que o regresso ao nosso “normal” fosse o mais normal possível, encontramo-nos muito distantes dessa presumível realidade. Não regressamos de férias e não viemos de energias renovadas, antes pelo contrário. Haverá colegas que regressarão mais ansiosos, preocupados, distraídos no desempenho de tarefas que outrora desempenharam na perfeição, demonstrações da forma como o cérebro humano lida com a incerteza que tem caracterizado esta luta contra um inimigo invisível e insidioso, que teima em não dar tréguas.
Como líderes , não só não podemos ignorar este estado de ansiedade como nos é exigido que estejamos atentos à possibilidade de as nossas equipas e os seus elementos estarem submersos numa ansiedade potencialmente indomável. Uma vez identificada, quais poderão ser as nossas tentações?
Uma poderá ser passar a controlar os nossos elementos , pois numa situação de crise tendemos a procurar a única coisa que nos falta: o sentimento de controlo. Paradoxalmente, a solução é uma maior flexibilidade , desde os horários de trabalho até às tarefas assumidas pelos nossos colegas, procurando devolver algum conforto e tranquilidade a este regresso.
Outra potencialmente será a sobre-informação, a tentação de querer saber o máximo de informação possível no mais curto espaço de tempo, na tentativa de recuperar toda a informação que perdemos no tempo que estivemos ausentes. Como líderes, devemos priorizar a informação a transmitir, distinguindo aquilo que é imprescindível saber no primeiro dia – como medidas se segurança para os profissionais e os seus doentes -, daquilo que pode esperar uma semana, quando o nosso colaborador já estiver mais habituado ao “novo normal” –, como a reunião de serviço que decorrerá somente um mês depois.
E muitas mais tentações haverá…
A tendência para em situações de crise irmos resolvendo muitos assuntos superficialmente, sem que na sua substância os obstáculo sejam realmente ultrapassados, deve ser contrariada. Para fomentar não apenas o voltar físico dos nossos trabalhadores, mas o regressar às suas equipas, novamente capacitados a desempenhar as funções que outrora dominaram.