Tromboembolismo pulmonar crónico, a causa frequente e potencialmente curável de hipertensão pulmonar

Dr.ª Maria da Graça Castro, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
19/11/19
Tromboembolismo pulmonar crónico, a causa frequente e potencialmente curável de hipertensão pulmonar

A hipertensão pulmonar (HTP) consiste no aumento da pressão nas artérias pulmonares, que levam o sangue do ventrículo direito para os pulmões, para ser oxigenado. Em rigor, não se trata de uma doença, mas sim de uma característica comum a um grande número de doenças muito diferentes entre si que têm em comum uma elevação da resistência das artérias pulmonares e evolução para a insuficiência cardíaca do coração direito. 

Independentemente da patologia a que se associa, a HTP é sempre um marcador de maior risco, agrava a evolução da doença de base, compromete a qualidade de vida e reduz a longevidade. O diagnóstico e correta classificação da HTP obrigam a uma execução rigorosa e diferenciada de várias técnicas e da colaboração entre várias especialidades. Existem hoje múltiplas opções terapêuticas que podem melhorar dramaticamente o curso desta doença. No entanto, a escolha da melhor terapêutica depende da correta classificação da HTP.

O tromboembolismo pulmonar crónico (TEPC) é uma forma potencialmente curável de HTP. Consiste na obstrução das artérias pulmonares por coágulos, limitando o calibre dos vasos pulmonares e aumentando a resistência que estes oferecem à passagem do sangue através dos pulmões. É desconhecida a verdadeira incidência e prevalência de TEPC.

Na nossa experiência este tem sido o diagnóstico mais frequente nos novos casos que nos últimos anos são referenciados para estudo de HTP. Em menos de 50% dos doentes com TEPC existe história de um episódio agudo de tromboembolia pulmonar.

A possibilidade deste diagnóstico deve ser contemplada na avaliação inicial de todos os casos de HTP e obriga à realização de cintigrafia pulmonar de ventilação/perfusão, uma técnica não invasiva.

Esta técnica possui elevada sensibilidade para o diagnóstico de TEPC, bem superior à da tomografia computorizada – TAC. Além disso, permite identificar os casos com o diagnóstico mais provável de TEPC a merecer confirmação e melhor avaliação com outras técnicas de diagnóstico.

Relativamente ao tratamento, em cerca de metade dos casos será possível a realização de uma endarterectomia pulmonar, uma cirurgia de grande exigência técnica realizada com bons resultados apenas em centros dedicados.

Para os casos considerados inoperáveis e para aqueles em que há persistência de HTP após cirurgia, existe agora um fármaco (ativador da guanilato ciclase solúvel, atuando na via do óxido nítrico) com benefícios comprovados. Perante os bons resultados da terapêutica médica e cirúrgica na TEPC impõe-se uma maior divulgação desta forma de HTP.

 

Artigo de opinião

Dr.ª Maria da Graça Castro, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

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