“Dar sangue é o contributo maior do ser humano para salvar vidas”

Dr. Luís Negrão, médico de Saúde Pública no Instituto Português de Sangue
12/03/19
“Dar sangue é o contributo maior do ser humano para salvar vidas”

No próximo dia 27 de março, o Grupo de Dadores de Sangue da Caixa Geral de Depósitos (CGD) realiza, no âmbito do seu 36.º aniversário, uma gala de comemoração. “Podes dar e receber sangue fora da caixa” é o mote e o objetivo passa por apresentar a atividade dos serviços de recolha de sangue de todo o país, dar a conhecer o Grupo e realizar um balanço da evolução do número de dadores que efetuaram dádivas de sangue. O Dr. Luís Negrão, médico de Saúde Pública no Instituto Português de Sangue com cargo responsável pela promoção da dádiva, especialmente junto dos Jovens, em entrevista à News Farma, revela os principais objetivos do Grupo de Dadores de Sangue da CGD.

News Farma (NF) | Este ano, comemora-se o 36.º aniversário do Grupo de Dadores de Sangue da CGD. Como surgiu este Grupo?

Dr. Luís Negrão (LN) | O Grupo de Dadores de Sangue da CGD foi criado a 14 de maio de 1983 por iniciativa dos colaboradores do banco e é considerado o maior do país a nível institucional. O Grupo desenvolve todos os esforços ao seu alcance com vista ao cumprimento da sua missão ”salvar vidas humanas pela dádiva benévola de sangue”, refletida nas diversas recolhas de sangue efetuadas em todo o país através dos núcleos existentes, que são, atualmente, vinte. A forma empenhada com que o Grupo desenvolve o seu trabalho está bem patente no reconhecimento, quer das entidades reguladoras do setor, quer nos outros grupos e associações de sangue. A ação do Grupo assenta no voluntariado e em princípios de solidariedade, o que contribui para a responsabilidade social da CGD. Sempre que solicitados, prestamos apoio incondicional em situações de carência de sangue, quer para os Sócios dos Serviços Sociais da CGD e seus familiares, bem como para a comunidade em geral.

 

NF | “Pode dar e receber fora da caixa”: porquê este mote? 

LN | As recolhas de sangue do Grupo são abertas à sociedade em geral, não se limitando aos colaboradores da CGD.

 

NF | Em Portugal, qual o panorama das doações de sangue? 

LN | Existem diversas instituições que, juntamente com o Instituto Português do Sangue e Transplantação, organizam, anualmente, sessões de colheita de sangue. Atualmente, existem mais de 200 associações e grupos de dadores de sangue em todo o país, que têm como dirigentes associativos pessoas com a missão de ajudar o próximo através da dádiva de sangue. Desta forma, existe em Portugal sangue suficiente para fazer face às necessidades.O que é necessário fazer é aumentar a frequência dos dadores nos locais de colheita e fazer com que se associem a esta causa dadores mais jovens, em quantidade suficiente para repor os que, por limite de idade e/ou por doença, vão estando impossibilitados de doar. É também necessário fidelizar os mais jovens. 

 

NF | Por que é que é tão importante doar sangue? 

LN | Não existe substituto para a composição do sangue. Somente o homem tem a capacidade de doar sangue. Dar sangue é o contributo maior do ser humano para salvar vidas. O dador de sangue tem a obrigação moral de ser altruísta (aquele em que o bem consiste no interesse pelos seus semelhantes), benévolo (que deseja o bem dos outros) e voluntário (que faz de livre vontade e sem constrangimentos). Ao doar sangue, o dador está a ajudar um desconhecido, que necessita de sangue para continuar a viver. A falta de dadores de sangue conduz à falência da vida humana.

 

NF | Quem pode doar sangue e com que frequência se pode dar sangue?

LN | De um modo geral, o dador deve ser um indivíduo saudável, com bons hábitos e comportamentos de vida, não deve sofrer de doenças que coloquem em risco a sua saúde nem a saúde de quem vai receber o sangue. O dador nem sempre reconhece que uma não aprovação para a dádiva é feita com o intuito de o proteger ou de proteger a saúde de quem irá receber o sangue. A dádiva é um dever, não é um direito e, por isso, só pode dar sangue quem for efetivamente saudável. As mulheres podem doar sangue até três vezes por ano enquanto os homens podem dar até quatro vezes por ano. Os níveis mínimos de hemoglobina para dar sangue nas mulheres é de 12,5 mg/dL, enquanto que, nos homens, esse valor mínimo é de 13,5 mg/dL. A hemoglobina é a substância que transporta o oxigénio e que existe no interior dos glóbulos vermelhos. Se esta se encontrar num nível mais baixo, a pessoa em questão pode sofrer de anemia.

 

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