Uso adequado da insulina reduz complicações da diabetes

Redação News Farma
22/02/13

Prof. José Luís MedinaEm Portugal, estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham diabetes. A introdução precoce da insulina na diabetes tipo 2, que muitos julgam ser utilizada apenas na diabetes tipo 1, pode diminuir as complicações da doença.


Segundo os dados de 2010, do Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, a prevalência total da doença foi de 12,4% e da diabetes não diagnosticada de 5,4%, números que têm vindo a aumentar nos últimos anos.

"A prevenção da doença é fundamental", alerta o Prof. José Luís Medina, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), referindo que a Direção-Geral da Saúde criou o Programa Nacional para a Diabetes (PND), sendo um dos seus objetivos implementar a prevenção da diabetes.

Nas suas palavras, "o aparecimento de uma diabetes tipo 2 em indivíduos geneticamente predispostos – filhos de pessoas com diabetes, por exemplo – implica na maioria dos casos, a associação de insulinorresistência (favorecida pela obesidade) com a deficiência de insulina precoce".

Para combater estes mecanismos, José Luís Medina explica que é necessário impedir o excesso de peso e a vida sedentária. "A alimentação e a atividade física, a desenvolver no dia-a-dia, são tão importantes como os medicamentos. A terapêutica deve incidir sobre o controlo da glicose no sangue, mas também nos casos de hipertensão arterial e de aumento das gorduras do sangue", menciona, advertindo para a necessidade de dar atenção particular aos pés.

O tratamento

"A pessoa com diabetes tipo 2 não está livre de ter que tomar insulina", alerta José Luís Medina. Isso pode acontecer se surgir uma intercorrência (pneumonia, cirurgia, gravidez) ou simplesmente nos casos em que se verifica um mau controlo da diabetes com outros fármacos.

Dr. José Manuel BoavidaPor seu lado, o Dr. José Manuel Boavida, diretor do Programa Nacional para a Diabetes, lembra que as complicações da diabetes representam os maiores custos com a doença. Por isso, aconselha, "quando a compensação não é atingida por qualquer forma de medicamento introduzida, é necessário começar rapidamente com a insulina".

Na sua opinião, "é preciso afastar os 'fantasmas' que a insulina ainda transporta consigo", designadamente "que cria dependência, que é igual a uma droga, ou que pode provocar um agravamento das complicações da diabetes".

Segundo José Manuel Boavida, a insulina ainda não é bem aceite em Portugal, uma situação que também acontece porque os médicos, nomeadamente nos cuidados primários, têm poucas pessoas a fazer insulina e, portanto, não conseguem ter uma grande experiência da sua utilização.

O responsável acredita que, com o tempo, essa rea-lidade mudará. "Se os médicos se organizarem entre si, se tiverem enfermeiros que os possam ajudar no controlo e no benefício dessa insulina e, ao mesmo tempo, se partilharem as pessoas com diabetes entre o hospital e o centro de saúde, a insulina ganhará seguramente um papel mais importante e, neste sentido, contribuirá para evitar as complicações", admite.

A multidisciplinaridade da diabetes

"A complexidade do tratamento da diabetes exige um conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, dietista, podologista, professor de educação física) que sejam capazes de colaborar uns com os outros para poderem ajudar as pessoas com diabetes a cuidar-se melhor e a atingir os objetivos de um bom controlo", afirma José Manuel Boavida.

De acordo com o responsável, "infelizmente, as complicações ainda surgem por um diagnóstico tardio da própria diabetes", sendo muitas vezes a diabetes tipo 2 diagnosticada apenas ao fim de 5-10 anos da sua existência. "Não é raro ainda haver pessoas em que a doen-ça é diagnosticada apenas quando aparece uma complicação", indica.

Também podem surgir complicações porque não há uma adesão à terapêutica e um acompanhamento à medida das necessidades de cada um. Na opinião de José Manuel Boavida, este é "claramente" um dos grandes problemas.

"As pessoas confiam demasiado nas estruturas de saúde e não têm noção da necessidade absoluta de serem médicas de si próprias, de saberem cuidar-se e de terem uma educação de acordo com as suas necessidades", afirma, concluindo que "a diabetes não se trata apenas nas consultas, mas ao longo das 24 horas de cada dia, da sua vida com diabetes".

SPD desenvolve atividades de informação

A SPD é uma instituição que tem como obrigação garantir atualização científica através de reuniões, congressos e publicações, promover a investigação e colaborar com instituições públicas e outras sociedades científicas e associações.

O Fórum da Diabetes reúne anualmente 1800 a 2000 pessoas com diabetes, para debater problemas relacionados com a sua doença e procurar ajudar a encontrar soluções. "A SPD está empenhada em desenvolver atividades de informação a toda a população, procurando apoios para esta ação tão importante que visa, conforme desejo do PND, um Portugal sem diabetes", garante José Luís Medina.

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