O presente e o futuro dos cuidados integrados

Gonçalo Alves
01/04/25
O presente e o futuro dos cuidados integrados

Leia o artigo de opinião da autoria de Gonçalo Alves, enfermeiro gestor na ULS de Braga, sobre a gestão eficaz das equipas de diabetes. “A criação de equipas comunitárias especializadas, a implementação de plataformas digitais para a partilha de informação entre níveis de cuidados e a adoção de modelos colaborativos entre os cuidados primários e hospitalares podem redefinir o acompanhamento da pessoa com diabetes”, reflete.

A gestão eficaz das equipas de diabetes é fundamental para garantir uma abordagem integrada, centrada na pessoa com diabetes e orientada para resultados em saúde. Num contexto de crescente prevalência da doença e de uma carga assistencial significativa, torna-se imperativo estruturar modelos organizacionais que promovam a eficiência, a acessibilidade e a articulação entre os diferentes níveis de cuidados.

A constituição de equipas multidisciplinares – que incluem médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e outros profissionais – é crucial para assegurar um acompanhamento holístico e individualizado.

Contudo, os desafios são evidentes: a escassez de recursos humanos, a sobrecarga assistencial, a necessidade de formação contínua e a adesão das pessoas com diabetes às recomendações terapêuticas influenciam a qualidade dos cuidados prestados. Como bem expressou Aristóteles, “o todo é maior do que a soma das partes.”

Esta máxima reflete a importância de integrar diversas competências numa equipa coesa, onde a colaboração e a complementaridade resultam num impacto superior à atuação isolada de cada profissional.

A inovação e a tecnologia emergem como aliadas estratégicas para superar estas barreiras. A telemedicina e a telemonitorização demonstraram eficácia na otimização do seguimento dos doentes, permitindo um acompanhamento mais próximo e a redução de deslocações desnecessárias.

A inteligência artificial e a análise de grandes volumes de dados (big data) abrem novas perspetivas para a personalização dos planos terapêuticos e para a predição de complicações, facilitando uma intervenção precoce. No contexto das Unidades Locais de Saúde (ULS), a integração de cuidados assume um papel determinante na continuidade assistencial.

A criação de equipas comunitárias especializadas, a implementação de plataformas digitais para a partilha de informação entre níveis de cuidados e a adoção de modelos colaborativos entre os cuidados primários e hospitalares podem redefinir o acompanhamento da pessoa com diabetes.

Para além disso, investir na capacitação das equipas e na educação terapêutica dos doentes fomenta um envolvimento mais ativo, resultando em melhores resultados a longo prazo.

O futuro da gestão das equipas de diabetes exige um compromisso conjunto entre profissionais de saúde, decisores políticos e utentes, promovendo uma abordagem sustentável, acessível e verdadeiramente centrada nas necessidades da população.

Apostar na inovação, na formação contínua e na reorganização dos serviços será determinante para construir um sistema de saúde mais eficiente e preparado para os desafios vindouros.

Este artigo foi redigido para o Jornal do Congresso.

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