Dia Mundial da Saúde: Respeitar a todos e à nossa saúde

Dr. João Araújo Correia, médico internista e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI)
07/04/21
Dia Mundial da Saúde: Respeitar a todos e à nossa saúde

Neste Dia Mundial da Saúde, fique a conhecer a opinião do médico internista e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), Dr. João Araújo Correia, sobre a importância de preservarmos a nossa saúde em tempos de pandemia.

Nenhum de nós tinha alguma vez sentido na pele os efeitos devastadores de uma pandemia. Esta, provocada pela COVID-19, tem sido especialmente perturbadora, pela rapidez com que se espalha pelo mundo, e pela variabilidade dos efeitos provocados nos infetados, que ficam sem quaisquer queixas significativas, ou ficam a bater às portas da morte! Esta imprevisibilidade das consequências da infeção pela SARS-CoV-2, permite que seja dado crédito às alarvidades pronunciadas pelos políticos populistas, mesmo com a dolorosa verdade de caminharmos para os três milhões de mortos!

A saúde é um bem precioso, reconhecido por qualquer um. Sem ela, ficamos frágeis e, num ápice, deixamos de dar valor às coisas materiais, fazemos promessas mentais de bom comportamento, e ajoelhamos perante quem nos possa ajudar a sair daquele aperto. No auge da pandemia, havia milhares de doentes infetados nos Hospitais, outros em casa a rezarem para não piorarem, e muitos milhões, ainda saudáveis, com o pânico de poderem sucumbir no dia seguinte. Na primeira vaga, o País ficou petrificado e incrédulo. Quase todos tememos pela nossa saúde, talvez irremediavelmente perdida, se já tínhamos alguma doença prévia, ou sujeitos à roleta russa do destino que a COVID-19 nos trouxesse.

Não me surpreende que as palmas de agradecimento aos profissionais de saúde se tenham calado, muito antes da acalmia dos números da pandemia. Aliás, nalguns casos, assistiu-se a um crescente sentimento de revolta, contra os especialistas que recomendavam alguma contensão na velocidade do desconfinamento, enquanto o SNS não retomasse a sua capacidade de tratar os doentes COVID-19 e os não COVID-19. Embora triste, pelo contraste tão evidente de atitudes, é compreensível o silêncio das varandas. A manutenção dos gestos de gratidão, durante um grande período de tempo, acaba por cansar. Ainda mais, quando os problemas económicos se vêm juntar, e são postas em causa necessidades básicas, há muito consideradas resolvidas! Mas, o reconhecimento e o respeito pelo trabalho abnegado dos profissionais de saúde deveria manter-se.

O respeito que temos por alguém, por um princípio ou por uma Instituição, é um sentimento nobre, civilizado e democrático! Nestes tempos conturbados, espero que tenhamos aprendido a ter respeito pela nossa saúde. Nunca foi tão evidente, que a defesa da nossa saúde individual contribui para a saúde coletiva. Procurar não ficar doente, numa altura em que os Hospitais estão em colapso, é inteligente para o próprio, e a melhor forma de respeitar os outros, em que também se incluem os médicos e os enfermeiros e a restante equipa de saúde.

No dia 7 de Abril, Dia Mundial da Saúde, lembremos a importância de preservarmos a nossa saúde, respeitando-nos a nós próprios e aos outros, fazendo disso uma norma de vida!

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