Portugal, Japão e Alemanha juntos no desenvolvimento de uma vacina contra a malária

23/04/19
Portugal, Japão e Alemanha juntos no desenvolvimento de uma vacina contra a malária
O Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), em Oeiras, juntou-se a um projeto internacional focado no desenvolvimento de uma vacina contra a malária. A equipa reúne cientistas do Japão, Alemanha e, agora, Portugal, que se unem para combater esta doença que já foi endémica em Portugal e que atualmente infeta mais de 200 milhões de pessoas e causa quase meio milhão mortes todos os anos. A unição de forças de trabalho surge a propósito do Dia Mundial da Luta Contra a Malária, que se assinala anualmente a 25 de abril, e cujo objetivo passa por reconhecer o esforço global para o controlo da malária, sublinhar os avanços e apelar à ação e ao investimento de forma a acelerar o progresso contra a patologia.
 

A procura por uma vacina contra a malária já dura há mais de 40 anos. Por todo o mundo, diversos grupos de cientistas procuram prevenir a transmissão do parasita de mosquitos para humanos.

No entanto, estas vacinas de primeira geração revelaram ser pouco eficazes protegendo no máximo 30% das pessoas vacinadas. Uma alternativa que se tem revelado significativamente mais eficaz é o desenvolvimento de vacinas que protegem os glóbulos vermelhos da entrada do parasita impedindo assim a sua replicação no sangue.

Porém, o elevado grau de heterogeneidade entre diferentes isolados tem-se revelado o principal obstáculo ao desenvolvimento deste tipo de vacinas.

Recentemente, investigadores do Proteo-Science Center da Universidade de Ehime, no Japão, e da Sumitomo Dainippon Pharma, também no Japão, descobriram um novo antigénio do estádio sanguíneo do parasita com destacado potencial terapêutico devido ao seu elevado grau de conservação entre diferentes isolados, o PfRipr5.

A fim de transformar esta descoberta numa vacina de nova geração, estes investigadores contam com a ajuda de investigadores portugueses e alemães que serão responsáveis pela produção e formulação do novo antigénio, respetivamente. Em Portugal, o iBET será responsável por desenvolver o processo de produção e de garantia da qualidade da proteína PfRipr5.

O projeto capta muita atenção internacional, uma vez que o parasita da malária é um dos organismos prioritários para o desenvolvimento de uma vacina, de acordo com o Global Vaccine Action Plan (GVAP) da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo a OMS, mais de 3 mil milhões de pessoas em 92 países estão em risco de contrair malária durante a sua vida.

Denominado “Further development of a new asexual blood-stage malaria vaccine candidate”, o projeto é financiado do Fundo Japonês Global Health Innovative Technology Fund (GHIT), uma parceria público-privada entre o governo do Japão, várias empresas farmacêuticas, a Fundação Bill and Melinda Gates, o Wellcome Trust e o Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas.

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