O centro oferece rastreios à hepatite C, hepatite B, VIH e sífilis, mas também é possível ter acesso a cuidados de saúde, intervenção por pares, apoio social, material para consumo de drogas fumadas e injetadas e alimentos. A ideia é utilizar um espaço onde “as pessoas vão praticamente todos os dias”, como explica Luís Mendão, presidente do GAT, e concentrar ali o máximo de procedimentos. Para isso, a morada do centro vai estender-se aos números 81 e 83 da Calçada de Santo André (o espaço funcionava apenas na porta 79).
Até agora, sempre que se fazia um teste rápido à hepatite C e o resultado era reativo, a pessoa era encaminhada para o hospital para confirmar a infeção pelo vírus. As análises passam a poder ser feitas no GAT In-Mouraria, bem como a avaliação do estado de fibrose hepática e a ecografia ao fígado, exames que antecedem a prescrição do tratamento. A medicação é depois levantada na farmácia do hospital e disponibilizada no centro.
O Serviço será assegurado pela equipa do In-Mouraria e pelos médicos especialistas do CHULN, coordenados pelo professor Rui Tato Marinho, diretor do Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia, que garantem ir ao espaço uma a duas vezes por semana.
Nas estimativas de João Santa Maria, mediador de pares no centro da Mouraria, serão admitidas para tratamento cerca de 15 pessoas por mês. O processo demora, por norma, três meses, mas já há quem fique tratado em apenas dois. No final, será produzido um estudo observacional com o objetivo de determinar a taxa de sucesso do tratamento em contexto comunitário para a hepatite C entre pessoas que consomem ou consumiram drogas.
“Pensamos que vamos conseguir não só tratar muito mais pessoas deste grupo, que tem sido dos mais excluídos deste tratamento, como vamos conseguir percentagens de cura muitíssimo altas”, explica Luís Mendão. “Do ponto de vista de saúde pública isso também é importante porque há um grande consenso de que um dos grupos onde ainda há transmissão é entre as pessoas que usam drogas”.
Fonte: Público