Acesso à Saúde não é igual para todos os portugueses, alerta a SPC

05/04/18
Acesso à Saúde não é igual para todos os portugueses, alerta a SPC

“Health for All” é o mote para a celebração do Dia Mundial da Saúde, que se assinala este sábado, 7 de abril. A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) associa-se a este dia, alertando para o facto de o acesso à Saúde não ser igual para todos os portugueses, considerando que a situação é especialmente grave nos doentes que sofrem de alguma doença de natureza cardio ou cerebrovascular.

"No Portugal envelhecido do século XXI, há ainda quem viva em regiões sem serviços médicos – sobretudo idosos, que constituem precisamente a população mais afetada por este tipo de patologia - e sem meios para se deslocar". É este o retrato feito pela SPC relativamente ao acesso à Saúde, num comunicado divulgado à comunicação social. A Sociedade considera que esta questão é especialmente grave em utentes com doenças cardio ou cerebrovascular, uma vez que, “para além de não haver o acompanhamento adequado, estas pessoas não possuem, muitas vezes, condições financeiras para fazer a terapêutica prescrita ou reabilitação”. 

Neste sentido, a SPC faz referência a um dos objetivos do Programa Nacional Para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares para o ano de 2020, associado ao alargamento do número de pessoas a nível nacional com acesso à reabilitação pós-acidente vascular cerebral para 1.800 por ano.  

A SPC aborda ainda algumas conclusões do estudo ATLAS, que se propôs a comparar os gastos e o peso que o acesso à Saúde representa nos países membros da Sociedade Europeia de Cardiologia, bem como o acesso aos serviços e cuidados básicos do ponto de vista cardiovascular. Os dados do estudo referem que "em 2013 foram gastos em Portugal aproximadamente dois mil euros por pessoa só em Saúde, realidade que contrasta com países como a Síria, que foi aquele onde menos dinheiro foi despendido, ou como o Luxemburgo, onde se gastou mais dinheiro nesta área", sublinha a Sociedade. 

Neste sentido, a SPC considera que "estes dados vêm, assim, evidenciar as disparidades e lacunas existentes nos sistemas de Saúde destes países, permitindo avaliar de que forma a gestão dos fatores de risco e a incidência das doenças cardiovasculares são abordadas". Por outro lado, a investigação vem ainda refletir "disparidades significativas entre nações com diferentes rendimentos médios, quer no que diz respeito à prevalência de fumadores e hipertensos – mais elevada nos países onde o rendimento é menor -, quer na redução da taxa de mortalidade por doença cardiovascular, que tem tido valores muito positivos na Europa, contrastando com os restantes países, onde esta diminuição não é tão evidente".

A Sociedade refere ainda que a "cobertura universal de cuidados de Saúde pressupõe que todos têm o direito a serviços de Saúde, com qualidade e sempre que estes forem necessários, sem que isso implique que o doente ou a família passem por dificuldades financeiras". No entanto, o presidente da SPC, Prof. Doutor João Morais, lamenta que este objetivo não esteja a ser alcançado, uma vez que “pelo menos metade da população do mundo encontra-se sem acesso a qualquer tipo de cuidados, ou forçada a escolher entre uma deslocação a um serviço de saúde e outra qualquer necessidade básica". "Esta é uma situação por que ninguém deveria passar!”, sublinha. 

Para o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, "a Saúde é um direito humano. Ninguém deve ficar doente ou morrer apenas porque não tem acesso aos serviços de que necessita”.

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