Os dados divulgados recentemente pelo Relatório da Avaliação do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016 e Propostas Prioritárias para a extensão a 2020 revelam que, no ano passado, os portugueses compraram 20 milhões de embalagens de psicofármacos, o que significa um gasto de mais de 216 milhões de euros.
Em comunicado de imprensa, a OPP afirma que os resultados mostram que continua a não existir uma estratégia na área da saúde mental. “De facto, passados 10 anos após a criação do Plano Nacional de Saúde Mental, verifica-se que Portugal não dispõe de uma estratégia integrada para a promoção da saúde mental e para a prevenção das perturbações mentais”.
“É necessário trabalharmos mais na prevenção, com mais psicólogos no SNS e melhor distribuídos no país. Simultaneamente, é prioritário mudar de paradigma, investindo mais na prevenção e alterando modelos de financiamento que privilegiem não os atos (número de consultas, dias de internamento, etc.) mas os resultados e a eficácia”, afirma o Prof. Doutor Francisco Miranda Rodrigues, Bastonário da Ordem.
A OPP demonstra assim “preocupação” relativamente à “sustentabilidade” do SNS, em particular com os encargos com as “doenças do comportamento” e com a “doença mental”. O documento adianta também que os psicólogos poderão assumir um papel de destaque na prevenção de muitas destas perturbações e, consequentemente, na redução dos encargos por parte do Estado e, “mais importante”, do sofrimento das pessoas e das famílias.
De acordo com os dados do referido relatório, 64,9% de pessoas com perturbações mentais moderadas e 33,6% de pessoas com perturbações graves não recebe cuidados de saúde mental adequados, numa realidade que a OPP apelida de “injustiça social”. “É fundamental garantir o acesso das pessoas aos serviços de Psicologia, através de mais psicólogos nos diferentes níveis de cuidado”, lê-se no comunicado.