Os participantes na Sessão Plenária do último dia da WCLC 2016 ouviram os investigadores responsáveis pelos quatro estudos mais relevantes submetidos em imunoterapia este ano.
Entre eles encontrava-se a Dr.ª Julie Brahmer, oncologista médica e investigadora no Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center da Universidade Johns Hopkins, que apresentou resultados atualizados do emblemático ensaio de fase III KEYNOTE-024, recentemente apresentado no congresso anual da ESMO, referentes a dados de qualidade de vida relacionada com a Saúde (HRQoL) para pembrolizumab versus quimioterapia em carcinoma do pulmão de não-pequenas células (CPNPC) com expressão de PD-L1 ≥50%.
Pembrolizumab, um anticorpo anti recetor de morte celular programada 1 (PD-1) humanizado, demonstrou já atividade antitumoral robusta e um perfil de toxicidade favorável em vários tipos de tumor. “No estudo KEYNOTE-024, pembrolizumab demonstrou uma eficácia superior a quimioterapia com platinos como tratamento de primeira linha de doentes com CPNPC avançado, com expressão do ligando de morte celular programada 1 (PD-L1) em ≥50% das células tumorais e ausência de mutações sensibilizadoras EGFR ou ALK (HR: 0.50, p >0.001). Os investigadores observaram um benefício significativo no endpoint primário de sobrevivência livre de progressão (PFS) de aproximadamente quatro meses relativamente à quimioterapia (10.3 vs. 6.0 meses, hazard ratio [HR] 0.50, p <0.001). O endpoint secundário de sobrevivência global (OS) também foi significativo, com sobrevivência de 80% dos doentes no braço do pembrolizumab versus 72% dos doentes no braço da quimioterapia aos seis meses (HR=0.60)” relembrou a especialista.
Face a estes resultados “extremamente encorajadores”, pembrolizumab foi recentemente aprovado pelo regulador americano FDA para tratamento de primeira linha de doentes com CPNPC avançado com expressão de PD-L1 (TPS) ≥50% e ausência de mutações EGFR ou ALK.
A Dr.ª Brahmer reportou novos dados da análise exploratória pré-especificada do KEYNOTE-024, relativa a outcomes reportados pelos doentes tratados neste estudo. Os instrumentos de avaliação de qualidade de vida utilizados foram as escalas EORTC QLQ-30 e EORTC QLQ-LC13.
A aplicação da escala de estado de Saúde global EORTC QLQ-30 avaliou alterações de HRQoL desde a baseline até à semana 15, observando-se “uma melhoria geral do estado de saúde global dos doentes tratados com pembrolizumab, com uma vantagem média de 7.8 pontos (IC 95%: 2.8-12.8, p=0.002) a favor de pembrolizumab (n=150).” Com base nestes resultados, os investigadores concluíram que pembrolizumab se associa a um benefício clinicamente significativo de HRQoL comparado com quimioterapia standard.
O tempo até deterioração dos sintomas, outro parâmetro “muito importante para estes doentes” foi igualmente analisado. “Através da aplicação da escala EORTC QLQ-LC13 - tendo a tosse, dor no peito e dispneia como endpoints compósitos -, observou-se que pembrolizumab prolongou significativamente o tempo até deterioração dos sintomas comparado com quimioterapia [46 (30.5%) eventos no braço de pembrolizumab vs. 58 (39.2%) eventos no braço de quimioterapia (HR: 0.66, p=0.029)].”
Para terminar, a Dr.ª Brahmer afirmou que “pembrolizumab pode, assim, ser um novo standard of care para o tratamento de primeira linha de doentes com CNPCP com expressão elevada de PD-L1 (TPS> 50%), dados os benefícios de PFS e sobrevivência global e perfil de segurança favorável reportados”.