Sinalizar populações de risco e prevenir é essencial para combater o impacto da diabetes em Portugal

11/11/14
artigo novo Fotolia 42881353 Subscription Monthly M f40bd 7acc0Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Diabetes (14 de novembro), o Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) deixa o alerta: os números anunciados no último relatório "Diabetes: Factos e Números" do Observatório Nacional da Diabetes só podem ser revertidos com uma estratégia de sinalização das populações de risco e uma política de prevenção da diabetes mellitus, para a qual a medicina interna pode contribuir.

Segundo o mesmo relatório, a prevalência da diabetes continua a aumentar. Em Portugal, há um milhão de pessoas com diabetes, das quais 44% não estão diagnosticadas e em 2013, foram detetados 160 novos casos de diabetes por dia. 40% da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos já tem diabetes ou pré-diabetes, verificando-se maior prevalência nos homens (15,6%) do que nas mulheres (10,7%). Mais de uma em cada quatro das pessoas entre os 60-79 anos tem diabetes e a prevalência é quatro vezes maior na população obesa do que naquela que apresenta um índice de massa corporal normal.

Álvaro Coelho, coordenador do NEDM, afirma que " na prática clínica diária", a medicina interna verifica que grande parte dos diabéticos tem idades superiores a 60 anos (cerca de 60 por cento), uma grande percentagem destes tem obesidade associada (praticamente 80%) e muita iliteracia. É também muito frequente a associação da diabetes com outras comorbilidades que se conjugam no compromisso do estado da saúde, em especial a hipertensão, a dislipidemia e as infeções para o qual são considerados população de grande risco".

O especialista defende que "o futuro sanitário" depende de projetos que levem a uma modificação comportamental da sociedade em relação às medidas preventivas e aos meios postos ao dispor, passíveis de ser implementados no combate a estes "problemas", em especial na população de risco, que deveria estar "sinalizada" e ser alvo de intervenção preventiva eficaz.

E de acordo com o coordenador do NEDM, a figura hospitalar da Medicina Interna coloca a especialidade na posição de ter de contribuir para a minimização da dimensão deste "tsunami", e de conseguir contribuir para um conjunto de procedimentos que permitam o diagnóstico mais atempado, uma intervenção terapêutica mais adequada. Isto permitirá proporcionar uma gestão da evolução da doença menos onerosa, que para além do valor financeiro que ronda hoje os 2000 euros/diabético/ano, acarreta ainda outros custos (pessoais, familiares, sociais, etc.), considerando-se a maior parcela despendida diretamente no hospital (boa parte ao alcance do controlo do internista).

Identificar causas, dispor dos meios e de intervenientes preparados, são as condições necessárias, segundo o NEDM, para travar o combate contra a diabetes, e contribuir para estabilizar ou mesmo fazer regredir sua a incidência.


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